Rádio RCA Victor, déc. 1940 - Fotógrafo não identificado - Coleção MIS - Acervo FMIS/RJ

FASE DE DIFUSÃO

O ano de 1932 é um marco para as transformações que o rádio irá apresentar nas décadas seguintes. Não apenas foi aprovado decreto que permitia a veiculação de propagandas nas emissoras, abrindo espaço para negociações de venda de horários e a criação de jingles elaborados, como a Revolução Constitucionalista fortaleceu a identidade jornalística do rádio. Os ouvintes acompanhavam com rapidez a divulgação do levante em seus rádios. O período é marcado pela popularização do rádio através de um modelo de programação dividido em quatro núcleos: música, dramaturgia, jornalismo e programa de variedades. Vemos o surgimento das rainhas e reis do rádio, a comoção pelas radionovelas, a popularização dos locutores de futebol que faziam os ouvintes vibrarem a cada novo lance e programas de variedades que podiam ser acompanhados pelas plateias dos auditórios das emissoras. Percebendo o alcance do rádio junto à população brasileira, o governo Vargas passa a utilizar o meio de comunicação para promover seu governo, seja através de programas ou, até mesmo ao tomar posse de emissoras. O domínio do rádio enquanto meio de comunicação de massa começa a se abalar ainda em 1950, com o surgimento da televisão. Mas isso não acaba com sua importância e entrada nos lares brasileiros nos anos a seguir.

Rádio da marca Westinghouse, déc. 1940 - Fotógrafo não identificado - Coleção MIS - Acervo FMIS/RJ -
Almirante em meio a platéia observa apresentação no auditório da Rádio Tupi, 1940 Uriel Tavares Coleção Almirante Acervo FMIS/RJ

1932

O governo publica o Decreto 21.111, de 1º de março, o qual, complementando o Decreto 20.047/1931, permite a irradiação de mensagens publicitárias pelas emissoras. O decreto estipulou que até 10% do conjunto da programação poderia destinar-se a tal fim e regulamentou o papel do Estado na outorga das frequências.

Decreto 21.111, de 1º de março de 1932, 1932

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Anúncios Colinos Preparados para Home Products Internetional Ltd., dec. 1930 - Agência McCann-Erikcon - Coleção Rádio Nacional - Acervo FMIS/RJ

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Jingle do Pão Bragança, 1932 - Antônio Gabriel Nássara

Você Sabia?

O primeiro jingle comercial veiculado nas emissoras brasileiras foi do Pão Bragança, de autoria de Antônio Nássara, gravado por Luís Barbosa e veiculado no Programa Casé. Como as rádios não eram ainda um meio difundido de propaganda, foi necessário um grande esforço de convencimento de Ademar Casé para que o proprietário da padaria concordasse com a publicidade.

Estreia do Programa Casé, em 14 de fevereiro, revolucionando a história do rádio no Brasil. Criado por Ademar Casé, o programa foi o primeiro a instituir a prática de pagamento de cachês aos artistas e a fazer um contrato de exclusividade. Líder absoluto de audiência durante quase 20 anos, durante seu auge, o programa começava às nove da manhã de domingo e só terminava à meia noite. O programa contou ainda com Antônio Nássara e Cristóvão de Alencar, redatores e locutores.

ADEMAR CASÉ

Ademar da Silva Casé (1902 - 1993) foi um dos pioneiros do rádio no Brasil e radialista. Foi vendedor de rádio e logo tornou-se diretor da fábrica dos aparelhos Philips. Na emissora, comprou duas horas na programação e criou o Programa Casé, que definiu a cultura do entretenimento de massas no país. Em 1951, reconhecendo o potencial da televisão como novo meio de comunicação de massas, associou-se com Assis Chateaubriand. Produziu programas inovadores como o “Noite de Gala” e os comerciais criados e produzidos pela agência de propaganda “Midas”.

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Entre julho e outubro ocorreu a Revolução Constitucionalista, que provoca a “guerra no ar”. O levante armado revolucionário liderado pelo estado de São Paulo contra o governo provisório de Getúlio Vargas demonstrou a força mobilizadora do rádio devido ao seu amplo alcance e a rapidez da divulgação dos fatos.

Você Sabia?

A “guerra no ar” se deu sobretudo entre as emissoras paulistas e cariocas: a rádio Philips, do Rio de Janeiro e a Record, de São Paulo, que até às vésperas da Revolução faziam transmissões conjuntas, tornaram-se inimigas. César Ladeira, locutor da Rádio Record, ficou conhecido como o locutor oficial da Revolução.

Radialista César Ladeira, dec. 1930 - Fotógrafo não identificado
Radialista César Ladeira, dec. 1930 - Fotógrafo não identificado

CÉSAR LADEIRA

César Rocha Brito Ladeira (1910 - 1969) foi radialista e um dos ícones da Era de ouro do rádio no Brasil. Ficou conhecido como "A voz da Revolução" devido aos discursos em que encorajava os revolucionários e a defesa da constituição. Quando o movimento foi derrotado, Ladeira foi preso. Em 1933, foi contratado pela Mayrink Veiga como locutor e diretor artístico. Foi contratado pela Rádio Nacional em 1948, onde apresentou durante dez anos "Seu criado, obrigado", ao lado de Daisy Lúcidi, e outros programas de sucesso. Em 1956 fundou a Rádio Relógio, no Rio de Janeiro.

Você Sabia?

Em 1933, Lamartine Babo lançou um samba em homenagem às principais emissoras de rádio do Rio de Janeiro. O samba, composto de cinco estrofes, ilustra o quadro radiofônico carioca daquele momento apresentando as principais características das emissoras Rádio Sociedade, Rádio Clube, Rádio Educadora, Rádio Philips e Mayrink Veiga

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"As cinco estações do ano", 1933 - Lamartine Babo (compositor), Carmen Miranda (intérprete) - Coleção - Acervo FMIS/RJ

LAMARTINE BABO

Lamartine de Azeredo Babo (1904 - 1963) foi um compositor popular brasileiro reconhecido principalmente pela autoria de famosas marchinhas de carnaval, cantadas até hoje, como O Teu Cabelo Não Nega, Grau 10, Linda Morena, e A Marchinha do Grande Galo. Por isso, recebeu o apelido de “Rei do Carnaval”. Nos anos 1930 e 1940, apresentou no rádio programas de grande repercussão entre o público, como “Horas Lamartinescas” e “Trem da Alegria”. Grande apreciador do futebol, na década de 1940, compôs letras de exaltação aos onze times do campeonato carioca. As composições, originadas em trechos de marchas militares, tornaram-se hinos não-oficiais dos clubes e ainda são cantados nos estádios.


1933

Em 12 de julho, motivadas pela cobrança dos direitos autorais pelas sociedades arrecadadoras, um grupo das grandes emissoras, entre elas a Rádio Clube, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a Rádio Philips e a Rádio Educadora, paralisaram suas transmissões. Foi a primeira greve de emissoras radiofônicas no Brasil.


1934

Criação da Rádio Escola Municipal do Distrito Federal (atual Rádio Roquette-Pinto), que criou uma metodologia específica para o ensino radiofônico. Idealizada por Roquette-Pinto e pelo educador Anísio Teixeira, antes da transmissão das aulas, eram enviados folhetos aos inscritos, pelo correio, com os esquemas das lições.


1935

Lançado Calouros em desfile na Rádio Cruzeiro do Sul, programa sob o comando de Ary Barroso em que músicos amadores se apresentavam ao público. Se a performance não fosse aprovada pelo apresentador, o artista era gongado. O programa foi um marco do gênero de programas de calouros, que geralmente ocorriam aos finais de semana e lotavam os auditórios das emissoras.

Estreia nas emissoras de todo o país o Programa Nacional, que havia sido criado pelo decreto 21.111/1932. Devido ao aumento do número de ouvintes, o governo federal entende a oportunidade de criar um canal de comunicação direto com a população e, por isso, determina a veiculação dos principais atos do Executivo e dos acontecimentos políticos do país. Em 1938, seu título foi alterado para Hora do Brasil.

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O Programa Nacional enfrentou certa resistência das emissoras, sobretudo paulistas, algumas preferindo sair do ar a retransmitir o programa oficial. Além disso, dificuldades técnicas em relação à potência dos transmissores dificultavam o processo.

Entra no ar, no dia 10 de agosto como PRF-4/Rádio JB AM, a Rádio Jornal do Brasil.

Em 25 de setembro é inaugurada a Rádio Tupi do Rio de Janeiro, a primeira emissora do grupo Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Financiada em seus anos iniciais pelo patrocínio de outras empresas do grupo, montou um elenco com grandes nomes da música brasileira como Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Dorival Caymmi, além de um elenco de rádio-teatro com nomes como Paulo Gracindo, Yoná Magalhães e Maurício Shermann, muitos dos quais migraram para a televisão.

Stella Maris ao microfone da Rádio Tupi, 1938 - 
                                Fotógrafo não identificado - 
                                Coleção Dorival Caymmi - 
                                Acervo FMIS/RJ
Stella Maris ao microfone da Rádio Tupi, 1938 - Fotógrafo não identificado - Coleção Dorival Caymmi - Acervo FMIS/RJ

SILVIO CALDAS

Sílvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas( 1908 - 1998), o “Cantor das despedidas” foi um cantor e compositor de grande sucesso na Era de Ouro do rádio. Em 1929 iniciou sua carreira na Rádio Sociedade enquanto trabalhava como mecânico. Participou de espetáculos de teatro de revista, incluindo O Brasil do Amor e É do Balacobaco, cujo sucesso alavancou sua carreira internacional. Em 1934 iniciou a parceria com o escritor Orestes Barbosa, com quem compôs quatorze letras, entre elas “Chão de estrelas”.

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ELIZETH CARDOSO

Elizeth Moreira Cardoso (1920 - 1990), “A Divina", foi uma cantora considerada uma das maiores intérpretes da música brasileira. Iniciou sua carreira ainda criança, levada pelo pai, seresteiro e violonista, para cantar nos bairros da zona norte do Rio de Janeiro. Com dezesseis anos, foi aprovada em um teste na Rádio Guanabara e realizou sua primeira apresentação no Programa Suburbano a partir do qual foi contratada para um programa semanal na emissora.

Você Sabia?

A Tupi, a JB e a Rádio Nacional são exemplos de emissoras associadas a grandes jornais, típicas do período, fundadas com a intenção de integrar conglomerados de comunicação. Por causa da concentração desse mercado, seus proprietários podem ser pensados como “capitães da indústria” radiofônica, tais quais Assis Chateaubriand, Paulo Machado de Carvalho (Record e Excelsior), Cásper Líbero (Gazeta), Conde Ernesto Pereira de Carneiro (JB) e, posteriormente, Roberto Marinho (Globo). A experiência da imprensa escrita aplicada ao rádio foi essencial para que, já em 1937, a Rádio Tupi fosse a primeira a criar uma edição dos jornais falados, com manchetes, seções, separações musicais e sonoplastias

ASSIS CHATEAUBRIAND

Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello (1892 - 1968), o Chatô, foi um dos homens públicos mais influentes do Brasil entre as décadas de 1940 e 1960. Fundou, em 1924, os Diários Associados que possuíram 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, e diversas revistas, sendo o maior conglomerado de mídia da América Latina entre os anos 1930 e 1960.

Em setembro, a Federação Paulista das Sociedades de Rádio foi fundada, tendo como primeiro presidente o empresário Alberto Byington e com o objetivo de defender os interesses da radiodifusão no Estado de São Paulo junto ao poder público visando incentivar novos mercados, otimizar a eficiência e garantir a credibilidade do setor.


1936

Início das transmissões da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em 12 de setembro. Pertencente ao mesmo grupo jornalístico do jornal A Noite, integrava os empreendimentos do capitalista norte-americano Percival Farquhar.

Foto tirada no terraço do jornal A Noite durante edição do programa Curiosidades Musicais sobre Cantigas de Roda, 1938
Foto tirada no terraço do jornal "A Noite" durante edição do programa "Curiosidades Musicais" sobre Cantigas de Roda, 1938 - Fotógrafo não identificado - Coleção Almirante - Acervo FMIS/RJ

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Durante a era de ouro do rádio, a Nacional foi a emissora de maior penetração e audiência em todo o país, atingindo os maiores níveis de popularidade e sustentabilidade financeira. O modelo de programação, que passou a ser replicado pelas concorrentes e predominou até a década de 1940, dava grande destaque à dramaturgia e aos programas de auditório e, em menor escala, à cobertura esportiva e aos noticiários. Marcou a passagem definitiva da rádio com finalidades educativas para o entretenimento, no qual o gosto popular passou a ser central para o desenvolvimento de conteúdos.

A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro é doada por Roquette Pinto ao Ministério da Educação e Saúde mediante a manutenção do caráter educativo da emissora, que passa a se chamar Rádio Ministério da Educação, Rádio MEC.

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Coleção de Vinhetas e Chamadas dos programas da Rádio MEC, déc. 1990 - Rádio MEC - Coleção Luiz Carlos Saroldi - Acervo FMIS/RJ

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Coleção de Vinhetas e Chamadas dos programas da Rádio MEC, déc. 1990 - Rádio MEC - Coleção Luiz Carlos Saroldi - Acervo FMIS/RJ

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Em 03 de setembro, o estado de Minas Gerais criou a Rádio Inconfidência a fim de oferecer conteúdos educacionais aos agricultores. A primeira faixa da programação foi o “Meia-hora do fazendeiro”, de grande aceitação popular.


1937

Início do Estado Novo, regime ditatorial, autoritário e anticomunista instaurado por Getúlio Vargas durante o qual implantado um forte esquema de censura aos meios de comunicação e percebida pela queda do número de emissoras criadas a partir de 1936.

Criação de emissoras de rádio. (IBGE, Anuário estatístico do Brasil, p.451. apud CALABRE, 2009, p.9)

Criação do Serviço de Radiodifusão Educativa, órgão destinado a promover a irradiação de programas educativos e que foi dirigido por Roquette-Pinto até 1943.

Criado o concurso Rainha do Rádio, cujas cédulas de votação eram distribuídas na Revista do Rádio. Linda Batista foi a primeira campeã e deteve o título por onze anos até que novas votações fossem realizadas.


1938

Início das atividades da BBC Brasil que, em 14 de março, lançou o serviço de notícias em português no contexto dos avanços do exército alemão sobre a Polônia e que culminaram na declaração da II Guerra Mundial. Integraram a equipe o editor R. A. Calvert, o sub-editor C. E. Glass, e a dupla que fazia os programas enviados para o Brasil, Aimberê e A. Cortesão. Durante o confronto, o correspondente Francis Hallawell, o Chico da BBC, foi o responsável pela cobertura da campanha da Força Expedicionária Brasileira.

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A fundação da BBC Brasil foi o resultado do projeto de expansão iniciado no final da década de 30, pela matriz britânica devido à iminência da guerra. A estratégia foi iniciada com o Serviço do Império, destinado aos países que faziam ou haviam feito parte do Império Britânico. Anos depois a ampliação alcançou outras regiões do planeta, já no programa Serviço Mundial. A partir de janeiro de 1938 foram criados vários serviços em línguas estrangeiras, começando pelo árabe.

Carmem Miranda posa para foto vestida de jogadora de futebol, 1930 - Fotógrafo não identificado - Coleção Almirante - Acervo FMIS/RJ

Transmissão do primeiro campeonato mundial de futebol via rádio no Brasil, marcado pela voz do locutor Gagliano Neto da Rádio Clube do Brasil e com patrocínio do Cassino da Urca. A ausência de satélites tornou o empreendimento bastante complexo, pois dependia da replicação de sinais de ondas curtas desde a Europa, onde era disputado o campeonato. A audiência brasileira foi muito grande e expandiu a cobertura futebolística nas emissoras assim como a paixão pelo futebol dos brasileiros.

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Disco de programa esportivo com comentários sobre os jogos e boletim informativo do Campeonato Mundial de Futebol no Brasil em 1950, 1950 - Não identificado - Coleção Rádio Nacional - Acervo FMIS/RJ

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Disco de programa esportivo com comentários sobre os jogos e boletim informativo do Campeonato Mundial de Futebol no Brasil em 1950, 1950 - Não identificado - Coleção Rádio Nacional - Acervo FMIS/RJ

1939

Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que através da sua seção de Rádio reestrutura o programa oficial do governo, agora denominado Hora do Brasil. A divisão ainda dedicava-se à censura dos programas, destacando censores para acompanhar a transmissão ao vivo e emitir relatórios.

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1940

Em 8 de março, a Rádio Nacional foi encampada pelo governo do Estado Novo em decorrência do decreto-lei 2.073, que criou as Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União. A estatização teve como principais alegações as dívidas contraídas pela companhia junto ao Patrimônio Nacional. O coronel Luís Carlos da Costa Neto foi nomeado para o cargo de superintendente das Empresas Incorporadas e Gilberto de Andrade foi designado diretor da Rádio Nacional.

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1941

Estreia do “Universidade no Ar” na Rádio Nacional do Rio de Janeiro com o objetivo de oferecer gratuitamente orientação metodológica aos professores do ensino secundário Em seu primeiro ano, o projeto registrou 4.829 radioalunos que ouviam cursos de letras, ciências, didática e pedagógica, entre outros.

Estreia em junho, na Rádio Nacional, Em busca da felicidade, a primeira radionovela do país. Com texto do autor cubano Leandro Blanco e adaptação de Gilberto Martins, foi produzida a partir do modelo norte-americano das soap-operas.

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Prefixo da novela "Em busca da felicidade", La golondrina, 1976 Gravadora Philips, Aurelio Andrade (intérprete), Paulo Tapajós (produtor) Coleção Sérgio Cabral Acervo FMIS/RJ

a linguagem da radionovela tinha que ser simples, e a temática deveria ser abordada de forma a sensibilizar o ouvinte, gerando o consumo do universo imaginário. Como hoje com as telenovelas, as radionovelas entravam no cotidiano das pessoas despertando sentimentos diversos, provocando debates e até manifestações extremadas da parte dos ouvintes.
Lia Calabre

Estreia em agosto, na Rádio Nacional, o Repórter Esso.

Heron Domingues, o "Repórter Esso", ao microfone da Rádio Nacional, déc. 1940 - Halfeld - Coleção MIS - Acervo FMIS/RJ

Você Sabia?

O Repórter Esso é considerado o precursor dos jornais contemporâneos e destacou-se por sua objetividade, modernidade e seu caráter altamente informativo. Ficou no ar entre 1941 e 1968 com quatro emissões diárias de cinco minutos cada. Produzido a partir do material da United Press International, o programa seguia os padrões do radiojornalismo norte-americano e, durante a guerra, foi uma importante peça de propaganda do governo dos Estados Unidos.


1944

Inauguração da Rádio Globo, a primeira emissora do Sistema Globo de Rádio, no dia 2 de dezembro. No ano seguinte, a emissora se destacaria pela cobertura da queda de Getúlio Vargas com o programa “O Globo no Ar”.

Estreia do humorístico PPK-30, na Rádio Mayrink Veiga, em 19 de outubro. O programa, uma paródia de uma emissora de rádio cujos personagens eram interpretados por Lauro Borges e Castro Barbosa, permaneceu 18 anos no ar.

Os humoristas Lauro Borges e Castro Barbosa em programa de rádio, déc. 1940 - Fotógrafo não identificado - Coleção Jacob do Bandolim - Acervo FMIS/RJ

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Programa humorístico, déc. 1940 - Não identificado - Coleção Sérgio Cabral - Acervo FMIS/RJ

1946

O programa oficial do governo, Hora do Brasil tem seu nome alterado para A Voz do Brasil, nome pelo qual é conhecido até os dias de hoje.


1947

Criação do Transistor, elemento essencial para o desenvolvimento dos populares “radinhos de pilha”. Apenas dez anos depois, com o lançamento do Sony TR-63, aparelho menor e mais barato, a tecnologia provocou uma revolução na cultura radiofônica devido à sua fácil portabilidade.

O sistema SENAC-SESC lançou em São Paulo um programa voltado à classe operária do interior do estado, também denominado “Universidade no Ar”. Com o modelo de educação à distância, professores aplicavam seus conteúdos ao microfone e os alunos, reunidos em núcleos de recepção, escutavam a aula e recebiam textos para debaterem.


1948

A Associação Brasileira de Rádio reorganiza o concurso de Rainha do Rádio e Dircinha Batista ganha a disputa. No ano seguinte, a cantora Marlene foi a vitoriosa ao derrotar Emilinha Borba, dando início à famosa disputa entre os fã-clubes das duas cantoras.

Você Sabia?

A eleição de Rainha de 1949 marcou uma das maiores rivalidades da história da MPB: Marlene e Emilinha Borba. Marlene foi procurada pela Antarctica, que estava lançando o Guaraná Caçulinha. Com forte apoio e verba publicitária, Marlene foi eleita com 529.982 votos. Emilinha era uma candidata forte, mas ficou em terceiro lugar, depois de Ademilde Fonseca. Marlene manteve o título em 1950, entregando-o no ano seguinte para Dalva de Oliveira, e Emilinha venceria apenas em 1953.

LINDA BATISTA (1919 - 1988)

Cantora e compositora. Foi a primeira eleita Rainha do Rádio e manteve o título por onze anos consecutivos. Neste período, fazia apresentações em cassinos e boates principalmente de samba-canção e músicas de carnaval, gêneros que a consagraram.

DIRCINHA BATISTA (1922 - 1999)

Atriz e cantora. Aos seis anos de idade passou a se apresentar nos shows do pai, o cantor e comediante Batista Júnior. Aos treze, participou das filmagens de Alô, Alô, Brasil e Alô, Alô Carnaval, sucessos da época das chanchadas. Gravou mais de trezentos discos e tornou-se campẽa de vendas da RCA Victor durante os anos 1940 e 1950.

MARLENE (1922 - 2014)

Cantora e atriz. Ao longo de sua carreira, gravou mais de quatro mil canções e obteve grande popularidade na Era de Ouro do rádio nacional. Em 1940, estreou como profissional na Rádio Tupi de São Paulo. Desde então, participou de doze filmes e seis espetáculos teatrais. Foi a primeira brasileira a apresentar-se no Olympia, em Paris, na ocasião a convite da cantora francesa Édith Piaf.

DALVA DE OLIVEIRA (1917 - 1972)

Cantora e compositora. Marcou a época como "o rouxinol brasileiro" devido a sua técnica vocal. Em 1936 passou a integrar o Trio de Ouro com Herivelton Martins e Nilo Chagas. O primeiro disco do Trio, lançado em 1937 fez muito sucesso e proporcionou a contratação do grupo pela Mayrink Veiga. Passaram pela Rádio Clube do Brasil e, em 1942, passaram a integrar a Rádio Nacional.

MARY GONÇALVES (1927 - 1993)

Atriz e cantora. Em 1944 participou do filme Gente Honesta e, em 1950, foi contratada pela Rádio Nacional. Seu primeiro disco, com canções de samba-canção, foi gravado em 1951 e, no ano seguinte, foi eleita Rainha do Rádio. Encerrou sua carreira ainda na década de 1950.

EMILINHA BORBA (1923 - 2005)

Cantora. Uma das mais populares intérpretes de samba, marcha e choro no Brasil. Iniciou sua trajetória na música ainda criança. Foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga e gravou seu primeiro disco solo em 1939. Passou a fazer apresentações no Cassino da Urca e, em 1943 passou a integrar o cast da Rádio Nacional, onde permaneceu por 27 anos e atingiu o auge de sua carreira.

ÂNGELA MARIA (1929 - 2018)

Cantora, compositora e atriz brasileira. Expoente da Era do Rádio, vendeu cerca de 60 milhões de discos, sendo uma das cantoras brasileiras que mais venderam discos. Destacou-se nos programas Pescando Estrelas e Dancing Avenida. Em 1951 gravou seu primeiro disco e consagrou-se como uma das grandes intérpretes do samba-canção.

VERA LÚCIA (1930)

Cantora luso-brasileira. Iniciou sua carreira em 1951, ainda em Portugal, onde lançou seu primeiro disco interpretando o samba Copacabana e o baião Veio amô. No mesmo ano, foi contratada pela Odeon e, em 1955, foi eleita Rainha do Rádio.

DÓRIS MONTEIRO (1934)

Cantora e atriz. Com uma voz suave, Doris cantava em francês, indo contra a tendência de intérpretes de voz forte dedicadas ao samba-canção. Seu estilo marcou a transição deste gênero para a bossa-nova, e realizou parcerias com Tom Jobim e Dolores Duran quando ainda eram compositores desconhecidos. A partir da década de 1950 passou a atuar também no cinema.

JULIE JOY(1930 - 2011)

Cantora, atriz e apresentadora. Na década de 1950 inicia sua carreira nas rádios interpretando canções em inglês. Foi contratada pela Rádio Nacional e gravou o primeiro disco, pela Sinter, em 1956. Foi a última cantora coroada Rainha do Rádio, em 1958.

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1950

Estreia de Balança mas não cai, humorístico da Rádio Nacional que ficou no ar até 1967. Estrelado por Brandão Filho, Paulo Gracindo, Lúcio Mauro e Sônia Mamede nos papéis principais e com Wilton Franco na apresentação, o programa explorava a crônica do cotidiano dos moradores de um edifício.

Em 18 de setembro entra no ar a TV Tupi de São Paulo, a primeira emissora de televisão da América Latina. A concorrência da televisão levou à necessidade de reformulação da programação das rádios, com o corte de despesas em decorrência da queda de receitas, agora direcionadas ao novo veículo.

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Vinheta do programa humorístico "Balança, mas não cai", 1976 - Gravadora Philips, Brandão Filho, Paulo Gracindo Nilza Magraddi, Lolita França e GErmano (intérpretes), Paulo Tapajós (produtor) - Coleção Sérgio Cabral - Acervo FMIS/RJ

1951

Lançada na Rádio Nacional a radionovela “O Direito de Nascer” do autor cubano Félix Caignet.

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O original de “O Direito de Nascer” possuía 314 capítulos, o que correspondia a quase três anos de irradiação. No elenco estavam Nélio Pinheiro, Paulo Gracindo, Talita de Miranda, Dulce Martins e Iara Sales, entre outros. A radionovela surpreendeu a todos os críticos e a todas as previsões que afirmavam que o rádio-teatro era um gênero em decadência e que o público brasileiro não se interessava por longas tramas. Entre o final da década de 1940 e o início da de 1950, no auge do sucesso do gênero, algumas emissoras chegaram a manter diariamente no ar mais de seis radionovelas. Contudo, a partir da década de 1950, o gênero passou a migrar para a televisão.


1953

Inauguração da TV Record, em São Paulo, no dia 27 de setembro.